quinta-feira, 10 de maio de 2007

Suar ou deprimir-se?

Mais de dez anos atrás, Jordi Nadal descobreu para mim a contundência das palavras de Elias Canetti. No seu imprescindível A província do homem escreveu: Uma pessoa não sabe nada desde faz um momento; o que uma pessoa acha saber desde faz um momento, já faz muito tempo que o sabe. Só conta o conhecimento que vem repousando secretamente no interior dessa pessoa.

Juréia-06 (249)

Lembro estas palavras ao leer um dos artigos publicados recentemente na revista Newsweek com o título "O exercício é um estado da mente". No subtítulo, uma pergunta sugestiva: "O suor, é o novo antidepressivo?"

Seu autor, o médico da Harvard Medical School M. Craig Miller resume os resultados de alguns estudos recentes que apontan os efeitos potenciais do exercício sobre a indução do crescimento neuronal, inclusive em adultos e idosos; neles, estes processos apresentam uma redução progressiva, sobretudo em pessoas sedentárias.

Alguns destes estudos sugerem que fazer exercício moderado (por exemplo, caminar de pressa meia hora cada dia) poderia ter efeitos beneficiosos em estados depressivos; para alguns doentes, o efeito seria semelhante ao conseguido com o tratamento com remédios antidepressivous ou a psicoterapia... sempre que a pessoa esteja motivada para fazer exercício, uma coisa que, ao parecer, tem um enorme componente genético.

Seja qual for, pelo menos o exercício aporta mais oxigênio ao cérebro e ao estimular o desenvolvimento neuronal, poderia ser útil para retardar a evolução da demência em doentes com Alzheimer e, talvez também para melhorar os processos intelectuais. Ao comparar os resultados obtidos por estudantes em provas de matemáticas com a forma física, alguns estudos acharam uma correlação entre os dois fatores.

Talvez a idéia de complementar o estudo com o esporte, não seja bobagem. E, de maneira semelhante a frase de Canetti -e como ja acontece com tantas coisas- esto que agora a ciência está demostrando com complexas técnicas radiológicas e bioquímicas, na verdade ja tinha sido intuido pelos gregos quando inventaram as olimpíadas.

O exercício físico (e para isso não é preciso comprar custosos aparelhos nem pagar custosas academias) perfila-se como outro desses placebos da vida, que além dos efeitos físicos, produz bem-estar.


[Tradução do autor. Me desculpe os erros.]

Enlaces de interesse:
Elías Canetti - Nota en El País
Newswekk (9-04-2007) - Exercise and the brain

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