sábado, 28 de abril de 2007

Verdades

O escritor catalão Quim Monzó escreveu um conto cheio de humanidade titulado Com o coração na mão. Durante o Reveillon, um casal de namorados se comprometem assim:
“ – Seremos absolutamente sinceros um com o outro. Nunca falaremos mentiras, em nenhuma circunstância e sob nenhum pretexto.
- Uma mentira só significaria a morte de nosso amor.”

carnivoros

Lembrei este conto curto de suas páginas do livro O porquê de todas as coisas enquanto assistia o último filme de David e Tristán Ulloa Pudor, baseada no livro homônimo do peruano Santiago Rocangliolo. Trata-se de mostrar a todos a complexa teia de aranha dos sentimentos não expressados e os pensamentos segredos dos membros de uma família qualquer, um casal com uma filha adolescente e um filho adotado que moram com o pai da mulher, viuvo de faz pouco tempo. Alguma situações limite se alimentam dessa incomunicação originada pela vontade de desejar não ferir as pessõas do redor, mas que tem como resultado uma meada cada vez mais madeja progressivamente mais enmaranhada.

Nosso cérebro processa a ingente quantidade de dados que lhe chegam procededentes do ambiente; isso significa que, as possíveis inexatitudes da percepção acrecentam-se sistemáticamente com uma interpretação modulada pelas experiências passadas, por nossa vontade de torcer para que os acontecimentos terminaram de maneira diferente ou a vontade –consciente ou não– de minimizar o que temos ou aquilo que produz dor. O resultado desse processo é nossa “realidade”, nossa “verdade”, que não sempre coincide com a “verdade” das pessõas que temos por perto.

Precisamente aquela semana tinha lido a deliciosa coluna semanal do aguçado verbívoro Màrius Serra no jornal de Barcelona La Vanguardia, onde explica um engraçado caso de mal uso da informação –no caso, da Internet–, que levou ao tradutor do libro do coletivo de escritores catalão “Hermanos Miranda”(Irmãos Miranda) a colocar na orelha que o livro original tinha sido escrito por... a primeira entrada que ele achou Google ao procurar este nome: os irmãos de Honduras Marcelino e Leonardo Miranda, dirigentes indígenas condenados a cadeia...

[Tradução do autor. Me desculpe os erros]

Enlaces de interesse:
Quim Monzó e seus contos
Entrevista aos Ulloa -Pudor
Màrius Serra - La Vanguardia 19-04-2007

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