domingo, 15 de abril de 2007

Fagocitose urbana

No võo de volta de São Paulo assisto a impressionante representação que Forest Whitaker fiz do ditador ugandés Idi Amín Dada. A lembrança de alguma coisa sobre ele em palavras de Ryszard Kapuscinski voa sobre minha cabeça e, ja em casa, as acho; foi em Ébano.

Favela no Rio

Na releitura, tropeço com um parágrafo referido ao éxodo da mãe do ditador desde sua paupérrima aldéia do norte da Uganda até a cidade do sul (Kampala). Me chama a atençãu uma das frases, pelos livros que estou lendo estes dias. Escreveu, Kapuscinski: "Esta mulher (...) virou parte do elemento que hoje constitui o problema mais grave da África: o criado por aquelas pessoas, por aquelas dúzias de milhões de pessoas que abandonaram o campo, enchindo umas cidades ja mosntruosamente inchadas, sem achar nelas nenhuma ocupação nem lugar próprio. Na Uganda as chamam bayaye".

No meu passéio habitual (quase ritual) com a Thaïs pela Livraria Cultura do Conjunto Nacional da Avenida Paulista antes de ir embora do Brasil, adquirí Planeta Favela do californiano Mike Davis. Tráta-se de uma documentada viagem pelas megápoles da América Latina, África e Asia, onde mais de um bilhão de pessoas moram em essas construções de tijolo, madeira e plástico que pouco a pouco expandem as fronteiras das urbes até límites não suspeitados, pessoas que abandonaram o meio rural buiscando em vão a suposta riquesa das cidades.

O chama de "generalização das favelas": Em vez das cidades de luz arrojando-se aos céus, boa parte do mundo urbano do século XXI instla-se na miséria, cercada de poluição, excrementos e deterioração. Na verdade, o bilhão de habitantes urbanos que moram nas favelas pós-modernas podem mesmo olhar com inveja as ruínas das robustas casas de barro de Çatal Hüyük, na Anatólia, construídas no alvorecer da vida urbana há 9 mil anos.

A mudança climática já esta na fala das lanconetes. Palavras como "efeito estufa" e "desertização" flutuam entre a fumaça dos cafezinhos e dos cigarros; colocar este debate na opinião pública, possivelment não vai ter muito impato sobre o clima, mas pode ser útil para não continuar nossa absurda cultura do estilo de vida kleenex. O próximo passo é uma coisa que não está tão longe do assunto da mudança climática: pessoas, desenvolvimento e pobreza. A dissociação entre o que esperava-se das grandes cidades industrializadas e as receitas dos organismos monetarios internacionais, e a realidade que no fim elas tem causado, parece não fazer mais que aprofundar as diferências sociais e facilitar o crescimento da corrução.

[Tradução do autor. Me desculpe os erros.]

Enlaces de interesse:
Last King of Scotland - info + trailer
Planeta Favela - Mike Davis

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