segunda-feira, 9 de abril de 2007

O melhor bolinho do mundo

Para comer “o melhor bolinho de bacalhau do mundo”, você tem que ir até o City Bar de Campinas (SP). Seu dono, o portugués José dos Santos Antônio, faz um tempão que se esforça para dar satisfação aos clientes que sentan nas mesinhas metálicas da Avenida Julio de Mesquita para beber uma cerveija Bohemia fresquinha junto com o famoso bolinho.

City-Bar

As lanchonetes tem um charme especial. Muitas simplesmente são um trailer sem muitas pretensões; é sua fama, quem projeta e espalha o nome de boca a orelha. Estas lanchonetes jamais serão premiadas com uma estrela Michelin; elas tem outros parámetros, mas sua qualidade e seu sabor estão garantidos.

Faz 20 anos, Beto Gambugge dirige o Cachorrão de Campinas, escolhido como uma das melhores lanchonetes onde tomar un cachorro quente. Durante o dia, é uma motor-home simplezinha estacionada perto da igreja Madre Cecília do bairro de Cambuí; porém, ao por do sol, ela abre suas portas, o espaço se multiplica, acende as luzes de néon, coloca meia dúzia de mesinhas e cadeiras de plástico na esquina, e comença a servir uns impressionantes sanduíches. Já vi por perto mais de um Porsche e alguma Ferrari vermelha aguardando cachorro quente.

Provavelmente os melhores “hot dog” do mundo, na opinião dos especialistas, são os da lanchonete de Paul e Betty Pink em Los Angeles, perto do Hollywood Boulevard. O taxista que me acompanhou pela cidade uma noite de fevereiro, me contou que algumas pessõas percorrem os Estados Unidos, de costa a costa só para comer um sanduíche em pé no Pink’s Hot-Dogs após aguardar uma fila comprida. Desde 1940, este lugar, sem nenhuma pretensão de luxo, sem os artifiços nem os enfeites da vizinha meca do cinema, nem o falso boato vazío de Beverly Hills, serve uns cachorros quentes deliciosos.

As lanchonetes e as garçonettes que trabalham nelas, tem uma magia especial. Já estiveram presentes em muitas road-movies. Também me lembro da capa de Breakfast in America de Supertramp (1979), com aquele primeiro plano de uma garçonette enchida servindo um suco de laranja.

Coincidentemente, a semana passada foi a estréia do filme "cult" O cheiro do ralo. Tráta-se de uma adatação do livro homônimo de Lourenço Mutarelli. Um texto impressionante e demolidor centrado nas tres obsessões do protagosnita -dono de uma casa de penhor-: o nauseabundo cheiro do ralo da loja, um olho quase-humano que mostra a todos enquanto diz “este é o olho do meu pai; ele morreu na guerra, na segunda” e... a garçonette do boteco onde toma lanches –mais exatamente, ele tem obsessão pela sua bunda:
Ela me entrega o lanche. Ela quase sorri.
Ela se vira para buscar o refrigerante.
Eu poderia ficar uma semana só olhando ela se virar.
Este livro já é outro?
Mostro a capa.
Paul do quê? (...)


[Tradução do autor. Me desculpe os erros.]

Enlaces de interesse:
City Bar, Campinas
Cachorrão, Campinas
Pink's Hot Dog, Los Angeles
O cheiro do ralo

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