sábado, 27 de janeiro de 2007

Receita para fabricar escândalos

Mudar da água para o vinho, usar os meios que a pessoa possui com inteligência criativa e inventiva, acostuma a despertar a mesma simpatia da mítica vitória de David à frente de Golias.

Elvis goes to Hollywood

Vejo uma crônica que escreveu Enric González para o jornal El País o 18 de janeiro sobre a versão da ópera Salomé de Strauss dirigida por Giorgio Albertazzi. Pelo jeito, Albertazzi consiguiu que nos dias prévios se genesse uma polêmica nos meios de comunicação italianos baseada no suposto alto voltagem erótico da montagem, que tinha duas salomés (Francesca Patanè e Maruska Albertazzi) que apareciam peladas e depiladas. O próprio diretor encarregouse de alimentar o escândalo com os detalhes mais apetitosos revelados pouco a pouco, no momento justo -como corresponde a um bom narrador de histórias, tanto sobre papel, como na tela o sobre um cenário.

O interessante do caso é que, pelo que explica a crônica, o balão do escândalo se encheu e cada vez tinha mais pessoas e mais jornais se posicionando á favor e em contra da montagem... e ninguém tinha visto ainda o espetáculo.

Com o excesso de informação ao que estamos submetidos e com esse jogo de espelhos múltiples que mistura a realidade com a ficção quase sem nenhuma fronteira, resulta muito fácil vender gato por lebre enquanto a pessoa baixa a guarda e se esquece de comprovar as provas que sustentam uma informação específica. Não é estranho que um turista despistado que paseie por Holywood Boulevard a meia noite, pegue sua câmara e comence a apertar o disparador como um possesso diante da visão fugaç de um homem vestido com uma capa branca, achando que Elvis continua vivo, como assegura a lenda.

[Tradução do autor. Me desculpe os erros]

Enlaces de interesse:
E. González: 'Salomé' apta para menores
Salomé - Wikipedia
Giorgio Albertazzi
Reparto de la Salomé de Albertazzi
Celebridades en Hollywood Boulevard

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